15 junho, 2020

LÍNGUA PORTUGUESA - 6ª SEMANA - PROF. LEONARDO 9º ANO



Aula 1

LÍNGUA PORTUGUESA 6ª Semana
Ano/Etapa: 9º Ano – Anos Finais
Componente Curricular: Língua Portuguesa
Habilidades: (EF69LP47), (EF89LP35)
Prática de Linguagem: Leitura interpretação de texto e produção textual.

Narrativa Curta

A crônica é, primordialmente, um texto escrito para ser publicado no jornal. Assim o fato de ser publicada no jornal já lhe determina vida curta, pois à crônica de hoje seguem-se muitas outras nas próximas edições.
Há semelhanças entre a crônica e o texto exclusivamente informativo. Assim como o repórter, o cronista se inspira nos acontecimentos diários, que constituem a base da crônica. Entretanto, há elementos que distinguem um texto do outro. Após cercar-se desses acontecimentos diários, o cronista dá-lhes um toque próprio, incluindo em seu texto elementos como ficção, fantasia e criticismo, elementos que o texto essencialmente informativo não contém. Com base nisso, pode-se dizer que a crônica situa-se entre o Jornalismo e a Literatura, e o cronista pode ser considerado o poeta dos acontecimentos do dia-a-dia.
A crônica, na maioria dos casos, é um texto curto e narrado em primeira pessoa, ou seja, o próprio escritor está "dialogando" com o leitor. Isso faz com que a crônica apresente uma visão totalmente pessoal de um determinado assunto: a visão do cronista. Ao desenvolver seu estilo e ao selecionar as palavras que utiliza em seu texto, o cronista está transmitindo ao leitor a sua visão de mundo. Ele está, na verdade, expondo a sua forma pessoal de compreender os acontecimentos que o cercam. Geralmente, as crônicas apresentam linguagem simples, espontânea, situada entre a linguagem oral e a literária. Isso contribui também para que o leitor se identifique com o cronista, que acaba se tornando o porta-voz daquele que lê.

Em resumo, podemos determinar cinco pontos:
§ Narração histórica pela ordem do tempo em que se deram os fatos.
§ Seção ou artigo especial sobre literatura, assuntos científicos, esporte etc., em jornal ou outro periódico.
§ Pequeno conto baseado em algo do cotidiano.
§ Normalmente possui uma crítica indireta.
§ Muitas vezes a crônica vem escrita em tom humorístico. Exemplos de autores deste tipo de crônica são Fernando Sabino, Helyda Rezende, Leon Eliachar, Luis Fernando Verissimo, Millôr Fernandes.

Origem

A palavra crônica deriva do Latim chronica que significava, no início da era cristã, o relato de acontecimentos em ordem cronológica (a narração de histórias segundo a ordem em que se sucedem no tempo). Era, portanto, um breve registro de eventos. No século XIX, com o desenvolvimento da imprensa, a crônica passou a fazer parte dos jornais. Ela apareceu pela primeira vez em 1799, no Journal de Débats, publicado em Paris.



Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar através do vidro da janela junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:
- O que foi, minha filha? - perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.
- Nada não senhor - respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.
- O que é que você está me olhando aí?
- Nada não senhor - repetiu. - Tou esperando o ônibus...
Onde é que você mora?
- Na Praia do Pinto.
- Vou para aquele lado. Quer uma carona?
Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:
- Entra aí, que eu te levo.
Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:
- Como é o seu nome?
- Teresa.
- Quantos anos você tem, Teresa?
- Dez.
- E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?
- A casa da minha patroa é ali.
- Patroa? Que patroa?
Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.
Hoje saí mais cedo. Foi 'jantarado'.
- Você já jantou?
Não. Eu almocei.
- Você não almoça todo dia?
- Quando tem comida pra levar de casa eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.
- E quando não tem?
- Quando não tem, não tem - e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos - um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês.
- Mas não te dão comida lá? - perguntei, revoltado.
- Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado. Mamãe disse pra eu não pedir.
- E quanto é que você ganha?
Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro! Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.
- Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? - perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:
- Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras. E aí no outro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados. Pode parar que é aqui moço, obrigado.
Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto...
(Fernando Sabino)

01.  De acordo com o texto responda:

a)    A menina não era pedinte: trabalhava, estava à espera de um ônibus, para voltar para casa; o que leva o narrador a pensar que ela queria esmola?
b)   Por que o narrador considera natural que aquela menina estivesse pedindo esmola?

02.  De acordo com as comparações responda:

“... dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho...”
“... um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho...”
Por que a garota lembra um bicho, um animalzinho?

03.  De acordo com o trecho responda:

“- E quando não tem?
- Quando não tem, não tem - e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez.”
Diante da pergunta, a atitude da menina muda: ela parece sorrir, ela olha pela primeira vez para o narrador. Por que a pergunta desperta na menina essa reação?

04.  Diante dos sentimentos do narrador:

“Eu não me continha mais de aflição...”
“... perguntei revoltado.”
“Diminui a marcha, assombrado...”

Identifique esses trechos na crônica e explique cada um desses sentimentos:

a)    Qual a causa da aflição?
b)   Qual a causa da revolta?
c)    Qual a causa do assombro?

05.  Recorde esta outra reação do narrador:

“...- um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês.”

· O que o narrador quis dizer com: sentimentalismo burguês?

06.  De acordo com o trecho abaixo responda:

“Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.
- Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa?”

a)    O narrador interrompe a frase: “na casa dessa...”
· Por que ele não completa a frase?
· Complete você a frase: que palavra você acha que ia falar?

b)   Que “culpas” tinha a mulher, para irritar assim o narrador?

07.  De acordo com a mudança de atitude da menina com relação ao final da história, o que explica essa mudança, ao aproximar-se do lugar onde morava?

08.  A expressão “na escuridão miserável” aparece duas vezes na narrativa, a que se refere esse termo, tanto no início quanto ao final do texto.

Aula 2

Quer saber mais sobre crônica? Que tal assistir a esse vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=XRSynsxUaUM


Associação de Itanhaém, no litoral de São Paulo, oferece clima de férias diferente para as crianças da cidade. Ao invés de videogame e computador, as crianças tem contato com brincadeiras “antigas” como pular corda, batata quente e queimada.

Sem computador, televisão ou qualquer outro equipamento eletrônico a diversão em Itanhaém é aberta para crianças de 4 a 12 anos. A Associação dos Amigos dos Moradores das Áreas Verdes, no bairro Umuarama, organiza uma programação de férias com brincadeiras antigas. Não é preciso pagar nada para participar. “Durante as férias é diferente porque tem criança que vai passar alguns dias com familiares fora daqui, e outros não tem essa oportunidade e permanecem aqui para brincadeiras de roda, brincadeiras infantis e folclore”, diz a presidente da associação Míriam Pardine.

Carlos, de 9 anos, que em casa não larga o videogame, na associação tem outras diversões. “Brinco de futebol, corre cotia, batata quente e queimada”. Márcia Prianti Pinto, do projeto Filhos da Natureza, fala que a intenção é resgatar brincadeiras antigas. “A gente está resgatando essas brincadeiras para que eles possam aprender a não ficar só no computador e aprender que os pais da gente, e a gente, brincavam disso”, explica.


Agora, o cronista é você!
Depois de ler e refletir sobre as brincadeiras antigas, é hora de dar asas a sua imaginação e criar o seu próprio texto. Você é ou conhece uma criança que prefere as brincadeiras antigas, como o garoto Carlos, de 9 anos?
Escreva uma crônica com base na notícia lida

Siga as instruções:
·         * Relate a história desenvolvendo uma narrativa curta e leve.
·         *Escreva quem são os personagens e em que tempo e lugar se deram as ações, que devem ter uma sequência clara e objetiva.
·         * Lembre-se de que o objetivo da crônica não é só informar, mas também divertir o leitor, por isso conte o fato de forma engraçada, em linguagem informal ou coloquial.
·        *  Coloque um título sugestivo.
·        *  Mínimo 20 linhas.



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