EJA- Educação de
jovens e adultos LÍNGUA PORTUGUESA
Ano/Etapa: EJA – Educação de jovens e adultos
Componente Curricular: Língua
Portuguesa
7ª Semana
Escola: EEF Dalva Pontes da Rocha
Profª: Mariane
Objeto do conhecimento: Análise linguística/ Leitura
Aluno (a):
Habilidade: (EF69LP55) (EF89LP34) (EF06LP01)
Questão 1- Você já ouviu falar no nome “variação linguística”? Você pode até não
saber seu nome, mas a variação linguística está presente em seu dia a dia quer
você queira ou não. Certamente você já esteve em contato com os seus tipos, por
diversos meios, em sua escola, vendo uma notícia na tv, lendo livros mais antigos
ou mais atuais,
convivendo com parentes
ou amigos que vivem em outro cidade ou estado. Algumas
pessoas ainda comentam que ao falar :”nóis vai”, você fala errado ou não fala
nem a língua portuguesa.
O preconceito acontece por causa das
diferenças da língua e é muito comum ouvir pessoas que ridicularizam ou brincam
de maneira bastante ofensiva com o sotaque das pessoas que residem no norte ou nordeste do país,
enquanto enaltecem o sotaque de uma pessoa que reside no sul, por exemplo. Não
há um “falar correto” ou um “falar errado”, há várias culturas distintas. As
variações não estão presas às regiões. Em muitos casos,
cidades de um mesmo
estado apresentam palavras, gírias e sotaques distintos e é essencial entender
que um estado, definitivamente, não é melhor que outro.
Por isso, conhecer as diferentes
variações é fundamental para combater esse tipo de preconceito, que pode levar
a atos de violência física, verbal ou psicológica. Como qualquer outro
tipo de preconceito, ele é excludente e não faz o menor sentido.
Vamos conhecer algumas
variantes da nossa língua e diferentes modos
de falar do Brasil?
b)
Observando bem a imagem, diga pelo
menos dois fatores que contribuem para que o personagem fale dessa forma?
c)
Esse jeito como o personagem falou
dar para o ouvinte/leitor compreender?
d) Essa linguagem
usada por ele é considerada “correta” ou “errada”?
Por que?
e)
Reescreva essa fala do personagem
seguindo a norma culta da linguagem.
Questão 2- O texto a seguir é um fragmento do "Auto da Compadecida", de
Ariano Suassuna, uma peça teatral de fundo popular e religioso. O trecho faz
parte da cena do julgamento, na qual as personagens, após a morte, aguardam uma
decisão quanto ao seu futuro. O Encourado, que as recebe, manda o Demônio
levá-las para o inferno. As personagens, aos gritos, resistem. Repentinamente,
João Grilo, falando bem alto, diz que tem direito a um julgamento. As outras
personagens o apoiam. Nesse momento, pancadas de sino começam a soar. O
Encourado fica agitado. Vamos saber o que vai acontecer?
Peça de teatro- O auto da
compadecida
"JOÃO GRILO - Ah! pancadinhas benditas! Oi, está tremendo? Que vergonha, tão
corajoso antes, tão covarde agora! Que agitação é essa?
ENCOURADO - Quem está agitado? É somente uma questão de inimizade. Tenho o
direito de me sentir mal com aquilo que me desagrada.
JOÃO GRILO - Eu, pelo contrário, estou me sentindo
muito bem. Sinto-me
como se minha alma quisesse cantar.
BISPO, (estranhamente emocionado). -
Eu também. É estranho, nunca tinha experimentado um sentimento como esse. Mas é
uma vontade esquisita, pois não sei bem se ela é de cantar ou de chorar.
(Esconde o rosto entre as
mãos. As pancadas do sino continuam e toca uma música de aleluia. De repente,
João ajoelha-se, como que levado por uma força
irresistível e fica com os olhos fixos fora. Todos vão-se ajoelhando
vagarosamente. O Encourado
volta rapidamente as costas, para não ver o Cristo que vem entrando. É um preto
retinto, com uma bondade simples e digna nos gestos e nos modos. A cena ganha
uma intensa suavidade de Iluminura. Todos estão de joelhos, com o rosto entre
as mãos).
ENCOURADO, (de costas,
grande grito, com o braço ocultando os olhos) - Quem
é? É Manuel?
MANUEL - Sim, é Manuel,
o Leão de Judá, o Filho de Davi. Levantem-se todos, pois vão ser julgados.
JOÃO GRILO
- Apesar de ser um sertanejo pobre e amarelo,
sinto perfeitamente que estou
diante de uma grande figura. Não quero faltar com o respeito a uma pessoa tão
importante, mas se não me engano aquele sujeito acaba de chamar o senhor de Manuel.
MANUEL - Foi isso mesmo, João. Esse é um de meus nomes, mas você pode me
chamar também de Jesus, de Senhor, de Deus... Ele gosta de me chamar Manuel ou
Emanuel, porque pensa que assim pode se persuadir de que sou somente homem. Mas
você, se quiser, pode me chamar de Jesus.
JOÃO GRILO - Jesus?
MANUEL - Sim.
JOÃO
GRILO -
Mas, espere, o senhor é que é Jesus?
MANUEL - Sou.
JOÃO GRILO - Aquele Jesus a
quem chamavam Cristo?
JESUS - A quem chamavam, não,
que era Cristo. Sou, por quê?
JOÃO GRILO
- Porque... não é lhe faltando com o respeito
não, mas eu pensava
que o senhor era muito menos queimado.
BISPO - Cale-se, atrevido.
MANUEL - Cale-se você. Com que autoridade está repreendendo os outros? Você
foi um bispo indigno de minha Igreja, mundano, autoritário, soberbo. Seu tempo
já passou. Muita oportunidade teve de exercer sua autoridade, santificando-se através
dela. Sua obrigação era ser humilde
porque quanto mais alta é a função, mais generosidade e
virtude requer. Que direito tem você de repreender João porque falou comigo com
certa intimidade? João foi um pobre em vida e provou sua sinceridade exibindo
seu pensamento. Você estava mais espantado do que ele e escondeu essa admiração
por prudência mundana. O tempo da mentira já
passou.
JOÃO GRILO - Muito bem. Falou pouco mas falou bonito. A cor pode não ser das
melhores, mas o senhor fala bem que faz gosto.
MANUEL - Muito obrigado, João, mas agora é sua vez. Você é cheio de
preconceitos de raça. Vim hoje assim de propósito, porque sabia que isso ia
despertar comentários. Que vergonha! Eu Jesus, nasci branco e quis nascer
judeu, como podia ter nascido preto. Para mim, tanto faz um branco como um
preto. Você pensa que eu sou americano para ter preconceito de raça?
PADRE - Eu, por mim, nunca soube
o que era preconceito de raça.
ENCOURADO, (sempre de costas para Manuel) - É
mentira. Só batizava os meninos pretos depois dos brancos.
PADRE - Mentira! Eu muitas vezes
batizei os pretos na frente.
ENCOURADO - Muitas vezes, não, poucas vezes, e mesmo essas poucas quando os
pretos eram ricos.
PADRE - Prova de que eu não me importava com cor, de que o que me
interessava...
MANUEL - Era a posição
social e o dinheiro, não é, Padre João? Mas deixemos
isso, sua vez há de chegar. Pela ordem, cabe a vez ao bispo. (Ao Encourado.) Deixe de preconceitos e
fique de frente.
ENCOURADO, (sombrio) - Aqui estou bem.
MANUEL - Como queira. Faça seu relatório
JOÃO GRILO - Foi gente que eu nunca suportei: promotor, sacristão, cachorro e
soldado de polícia. Esse aí é uma mistura disso tudo.
MANUEL -
Silêncio, João, não perturbe. (Ao Encourado.) Faça a acusação do bispo. (Aqui, por sugestão de Clênio Wanderley, o Demônio traz um grande
livro que o Encourado vai lendo).
O texto teatral e o texto narrativo apresentam semelhanças:
tanto um quanto o outro narram fatos vividos por personagens em determinado
tempo e lugar.
a)
Qual é o fato principal desse texto?
Onde possivelmente ocorrem os fatos?
b)
Nesse texto, o narrador está
ausente. Apesar disso, conseguimos ter uma visão ampla acerca das personagens.
De que forma as características de cada personagem são reveladas, se não há narrador?
c)
Há, no texto teatral, alguns
trechos em letra do tipo diferente, ou seja, em negrito, ou entre parênteses e
itálico, como, por exemplo:
"BISPO, (estranhamente emocionado) (Todos vão se ajoelhando vagarosamente)
ENCOURADO, (sempre de costas para Manuel)
·
Qual é a função das palavras em negrito no texto teatral?
·
Qual é a função das frases que
estão em itálico e entre parênteses para o texto teatral?
d)
O texto teatral é escrito para ser
representado. Nessa cena, que tipo de variedade linguística predomina:
a)
linguagem formal
b) linguagem informal
c) regional
d) popular
e) Quando se lê um texto teatral, o leitor é o interlocutor do drama
vivido pelas personagens. Quem é o interlocutor quando o texto teatral é
representado em um palco?
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