LÍNGUA
PORTUGUESA – 22ª SEMANA 03/11/2020 ANO/SEGMENTO: 7º Ano/ Anos Finais
Leia o texto a
seguir para responder a questões de 1 a
7.
Maria José
Faz um ano que Maria José morreu. Era meiga quase sempre, violenta
quando necessário. Eu era menino e apanhava de um companheiro maior, quando ela
me gritou da sacada se eu não via a pedra que marcava o gol. Dei uma tijolada
no outro e acabei com a briga como milagre.
Visitava os miseráveis, internava indigentes enfermos, devotava-se ao
alívio de misérias físicas e morais do próximo, estudava o mistério teológico,
exigia sempre o mais difícil de si mesma, comungava todos os dias, ingressou na
Ordem Terceira de São Francisco. Mas nunca deixou de ter na gaveta o revólver
que recebera menina e-moça, das mãos do pai, e que empunhou no quintal noturno,
perseguindo um ladrão, para espanto de meus cinco anos.
Tratou-se com a dureza e o carinho que mereciam a rebeldia e verdor da
minha meninice. Ensinou-me a ler as primeiras sentenças; me falava no Cura de
Ars e nos dois Franciscos, o de Sales e o de Assis; me apresentou aos contos de
Edgar Poe e aos poemas de Baudelaire; dizia-me sorrindo versos de Antonio Nobre
que decorara em menina; discutia comigo as ideias finais de Tolstoi; escutava
maternalmente meus contos toscos. Quando me desgarrei nos primeiros enleios
adolescentes, Maria José com irônico afeto me repetia a advertência de
Drummond:
“Paulo, sossegue, o amor é isso que
você está vendo: hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo e
segunda-feira ninguém sabe o que será”.
Logo que me fiz homenzinho, deixou a dureza e se fez a minha amiga: nada
me perguntava, adivinhava tudo. Terna e firme, nunca lhe vi a fraqueza da
pieguice. Com o gosto espontâneo da qualidade das coisas, renunciou às vaidades
mais singelas. Sensível, alegre, aprendeu a encarar o sofrimento de olhos
lúcidos. Fiel à disciplina religiosa, compreendia celestialmente as almas que
se transviavam. Fé, Esperança e Caridade eram para ela a flecha e o alvo das
criaturas.
Tornara-se tão íntima da substância terrestre – a dor – que se fazia
difícil para o médico saber o que sentia; acabava dizendo que doía um pouco,
por delicadeza.
Capaz de longos jejuns e
abstinências, já no final da vida, podia acompanhar um casal amigo a
Copacabana, passar do bar da moda ao restaurante diferente, beber dois ou três
uísques em santa serenidade e aceitar com alegria o prato exótico.
Gostava das pessoas erradas, consumidas de paixão, admirava São Paulo e
Santo Agostinho, acreditava que era preciso se fazer violência para entrar no
reino celeste.
Poucas horas antes de morrer, pediu
um conhaque e sorriu, destemida e doce, como quem vai partir para o céu.
Santificara-se. Deus era o dia e a
noite de seu coração, o Pai, a piedade, o fogo do espírito.
Perdi quem me amava e perdoava, quem
me encomendava à compaixão do Criador e me defendia contra o mundo de revólver
na mão.
Vocabulário
Pieguice:
Sentimentalismo ao extremo.
QUESTÃO 1
No primeiro
parágrafo, é possível observar que o narrador lembra-se de Maria José
A
com muita raiva, pois Maria José sempre
brigou com ele.
B
com indiferença.
C
com gratidão por tê-lo ajudado em uma
briga.
D
absolutamente: não tem lembrança
alguma. E E com
fúria de garoto mimado.
QUESTÃO 2
No
trecho “Eu era menino”, o verbo é classificado sintaticamente como A verbo
intransitivo.
B
verbo transitivo.
C
verbo transitivo direto.
D
verbo transitivo indireto.
E
verbo de ligação.
QUESTÃO 3
Maria José
acreditava que, após a morte, iria para o céu. Assinale a opção que apresenta a
razão de ela ter essa certeza.
A
Seus pais sempre lhe afirmaram isso.
B
Suas boas ações e sua ligação com a
Igreja.
C
Alguns vizinhos que pediram a Deus.
D
Foi revelado em um sonho.
E
Ela não acreditava nisso.
QUESTÃO 4
No trecho “Sensível, alegre, aprendeu a encarar o
sofrimento de olhos lúcidos.” As
duas palavras destacadas recebem acentuação, respectivamente, por
A
ser uma proparoxítona aparente e por ser
uma proparoxítona e todas as proparoxítonas são acentuadas.
B
ser uma proparoxítona, e todas são
acentuadas, e por ser uma proparoxítona aparente.
C
ser uma oxítona terminada em L e por ser
uma proparoxítona aparente.
D
ser uma paroxítona terminada em L e por
ser uma proparoxítona e todas as proparoxítonas são acentuadas).
E
ser um monossílabo tônico e por ser uma
paroxítona terminada em S.
QUESTÃO 5
A
palavra “mais” empregada no trecho
“...renunciou às vaidades mais singelas.” classifica-se, morfologicamente, como
A advérbio de intensidade.
B
advérbio de modo.
C
advérbio de negação.
D
pronome indefinido.
E
pronome definido.
QUESTÃO
6
No trecho “
...deixou a dureza e se fez a minha amiga.”, qual a classificação do sujeito?
A
Sujeito inexistente.
B
Sujeito simples.
C
Sujeito composto.
D
Sujeito desinencial.
E
Oração sem sujeito.
QUESTÃO 7
Em
“...Maria José morreu”, o verbo é classificado como A intransitivo.
B
transitivo
C
verbo de ligação.
D
verbo transitivo direto.
E
verbo transitivo indireto.
QUESTÃO 8
Assinale o ÚNICO
item em que o uso do acento indicativo da crase é obrigatório.
A
Um homem parou na pista e foi perguntar à
Paulo sobre Rita.
B
João não tinha nada sobre à filha.
C
Todos, às vezes, precisam brindar.
D
Tereza foi à cavalo ao lago.
E
À nossa classe é participativa.
QUESTÃO 9
Observe a imagem:
Assinale o único
item correto quanto ao uso de MAL e MAU.
A
Foi usado bom por ser o contrário de mal.
B
Mau faz a função de advérbio no último
quadrinho.
C
Mau no último quadrinho é
morfologicamente um substantivo.
D
Mau morfologicamente é uma preposição.
E
Foi usado mau por ser o contrário de bom.
QUESTÃO 10
Leia atentamente
a tirinha para responder à questão.
Assinale o único
item correto.
A
Foi usada a primeira vírgula no último
balão para isolar aposto explicativo.
B
O verbo “FAZER”, no primeiro balão, é
transitivo direto e indireto.
C
A palavra “ELA”, no segundo balão, é uma
preposição.
D
O predicado da oração do primeiro
quadrinho é nominal.
E Observa-se um erro no terceiro balão. Deve-se substituir o “mais” por mas
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