21 junho, 2020

LÍNGUA PORTUGUESA - 7ª SEMANA - PROF: MARIANE / MARCOS / THAÍS - 7º ANOS


7º ANO – ANOS FINAIS – 7ª SEMANA
LÍNGUA PORTUGUESA – 7ª SEMANA
ANO/SEGMENTO: 7º Ano/ Anos Finais

Miguel não caiu. Miguel foi empurrado.

       Se um coração bate aí dentro, não é pra você continuar bem ou indiferente depois de saber o que aconteceu com Miguel, menino de 5 anos que morreu ao cair do nono andar de um prédio no Recife, enquanto procurava pela sua mãe, Mirtes.
E já nem era para estar depois das mortes de Ágatha e do João Pedro, também crianças que perderam a vida depois de serem atingidas por disparos de armas policiais, igualmente responsáveis por assassinarem o músico, Evaldo Souza, e o catador de material reciclado, Luciano Macedo, com "acidentais" 80 tiros no ano passado -- pra não dizer tantos outros casos.
Só que Miguel não morreu pela brutalidade da força policial. E, acreditem, não foi pela negligência da patroa Sari Côrte Real, que não teve a paciência para cuidar do filho de sua funcionária por alguns minutos e, assim, conduzi-lo para o caminho que destinou à morte da criança.
Porque não foi um caso isolado. Foi uma coisa montada, construída.
      Miguel morreu pela existência de uma estrutura no Brasil que faz uma mulher negra, quase que na obrigatoriedade de uma lei, passear com o cachorro da patroa, enquanto a patroa livra-se da responsabilidade de cuidar filho da mulher negra com a mesma indiferença que descartamos um objeto de lixo.
Por uma estrutura que, mesmo em tempos de pandemia e isolamento social necessário, obrigou Mirtes a continuar limpando o chão dos patrões, mesmo depois do marido de Sari, o prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker (PSB), ter afirmado que testara positivo para a Covid-19.
Por uma estrutura que obrigou Mirtes a levar o filho para o trabalho porque as creches e escolas estão fechadas e ela não teria com quem deixá-lo. Miguel morreu porque, no Brasil, 20 mil reais é o preço que uma pessoa rica paga para responder em liberdade depois de tirar o futuro de uma vida negra. Miguel caiu do nono andar porque a burguesia despreza as classes pobres. Não as toca. É indiferente, tira sarro e é insensível às vidas que não pertencem ao mundo dela e que não circulam nos mesmos espaços, senão as que estão ali para servi-la.
Uma burguesia que ama se autopromover como humanitária com doações e trabalhos voluntários, mas que torce o nariz para programas sociais do Estado e não vota em governos que propõem planos para diminuir a miséria, a pobreza e a fome.
Não são todos assim, obviamente.
Mas sei que existem pessoas que funcionam desse jeito, porque cresci, vivi, vivo e convivo nos biomas das classes média e rica. Já dei risada, joguei bola, estudei, trabalhei e sentei na mesma mesa que elas para comer, e conheci muita gente parecida com a Sari que minha cabeça construiu.
Só que mesmo vivendo sempre nesse ambiente, não tenho todas as respostas para as perguntas que eu comecei a fazer de uns anos pra cá. E uma delas é: por que os ricos, no bálsamo de uma vida privilegiada e confortável, têm tanto ódio?Ódio a quê? E ódio a quem?
Por uma criança de 5 anos  que, dentro de um repertório de linguagem ainda em construção, só tentava expressar o desejo de estar perto de sua mãe?
Eu não sei.  E um, ou vários dele, empurrou Miguel.
Mas sei que esse ódio, racista e muito brasileiro, existe e tem muitos braços -- na polícia, na presidência, na sociedade civil.

#JustiçaPorMiguel
(Caio Possati Campos)
https://blogdojuca.uol.com.br/2020/06/miguel-nao-caiu-miguel-foi-empurrado/

CARACTERÍSTICAS DE UM ARTIGO DE OPINIÃO
   
O artigo de opinião, como o próprio nome já diz, é um texto em que o autor expõe seu posicionamento diante de algum tema atual e de interesse de muitos. É um texto dissertativo que apresenta argumentos sobre o assunto abordado, portanto, o escritor além de expor seu ponto de vista, deve sustentá-lo através de informações coerentes e admissíveis. Logo, as ideias defendidas no artigo de opinião são de total responsabilidade do autor, e, por este motivo, o mesmo deve ter cuidado com a veracidade dos elementos apresentados, além de assinar o texto no final.

01) Justifique o título dado ao texto, posicionando-se sobre ele:

02) Por que o texto é um artigo de opinião?

03) No que a morte de Miguel difere das outras mortes citadas no texto?

04) Justifique as aspas utilizadas no segundo parágrafo do texto:

05) Posicione-se sobre a passagem destacada no texto, argumentando bem: ( no Brasil, 20 mil reais é o preço que uma pessoa rica paga para responder em liberdade depois de tirar o futuro de uma vida negra)

06) Copie do texto marcas de oralidade:

07) O que significa a expressão "torcer o nariz"? Ela encontra-se no sentido denotativo ou conotativo? Por quê?  

08) Por que você acha que os ricos, em geral, têm ódio dos pobres?

09) Como solucionar essa problemática? Explique:

10) Explique a passagem destacada no final do texto, justificando sua resposta:

11) A palavra BRAÇOS, também situada no final do texto, encontra-se no sentido denotativo (REAL) ou conotativo (FIGURADO)? Por quê?

12) Copie do texto uma passagem em que o autor dialoga diretamente com o leitor:

13) Transcreva do texto uma comparação, explicando-a:

14) Que mensagem o texto transmite? Comente:

15) Localize no texto e escreva abaixo:
a) um numeral:

b) quatro substantivos próprios:

c) três substantivos comuns:



16) Copie um trecho do artigo de opinião que dialoga mais diretamente com a charge abaixo:


17) Que crítica social a charge faz? Comente:

(Charge enviada pela querida amiga Cristina Barata!)

18) Agora é sua vez: produza um texto expressando a sua opinião sobre o assunto abordado no texto acima.
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