16 novembro, 2020

9º ANO LÍNGUA PORTUGUESA 24ª SEMANA - PROF. LEONARDO

 

LÍNGUA PORTUGUESA – SEMANA (16 a 20) DE NOVEMBRO

ANO/SEGMENTO: 9º Ano/ Anos Finais

COMPONENTE CURRICULAR: Língua Portuguesa

OBJETOS DE CONHECIMENTO: Reconstrução das condições de produção, circulação e recepção, Apreciação e réplica.

HABILIDADES: (EF69LP44); (EF69LP49); (EF89LP33)

 

GÊNERO TEXTUAL: Romance ou conto, resenha

 

Aula 1

 

O CONTO

 

conto é a forma narrativa, em prosa, de menor extensão (no sentido estrito de tamanho). Entre suas principais características, estão a concisão, a precisão, a densidade, a unidade de efeito ou impressão total – da qual falava Poe (1809-1849) e Tchekhov (1860-1904): o conto precisa causar um efeito singular no leitor; muita excitação e emotividade. Ao escritor de contos dá-se o nome de contista.

Origem

De o livro do mágico (cerca de 4000 a.C.), escrito pelos egípcios, até a Bíblia encontram-se textos com estrutura de conto. No entanto, a autoria deles foi perdida. O primeiro grande contista da História é tido como Luciano de Samosata (125-192). São da mesma épocaLucius Apuleius (125-180) e Caio Petrônio.

Do século XIV ao XIX Giovanni Boccaccio (1313-1375), em sua obra Decameron, estabeleceu as bases do que se entende por conto. A época é marcada por contistas célebres, como Geoffrey Chaucer (que publica os Os Contos de Canterbury), Jean de La Fontaine (autor de vários contos infantis, como A cigarra e a formiga) e Charles Perrault, de O Soldadinho de Chumbo.

No século XIX, destacam-se Honoré de BalzacLeo TolstoyGuy de Maupassant e Mary Shelley.

Na Alemanha, os irmãos Grimm publicam dezenas de contos infantis (muitos recontados dos originais de Perrault), incluindo Branca de Neve e Capuchinho Vermelho ou Chapeuzinho Vermelho, enquanto Washington Irving estabelece-se como o primeiro contista estadunidense relevante.

Contistas famosos em língua portuguesa

Machado de Assis e Aluízio Azevedo destacam-se no panorama brasileiro do conto, abrindo espaço para contistas como Clarice LispectorLima BarretoOtto Lara Resende e Lygia Fagundes TellesEça de Queirós, mais conhecido como romancista, é referência em Portugal por seus contos reunidos para publicação em 1902, dois anos após seu falecimento.

Em Moçambique, o conto é um género próspero, como se pode ver pela obra de Mia Couto e pela antologia de Nelson Saúte, "As Mãos dos Pretos".

A figura do contista encontra-se perdida na atualidade, em face da valorização do romance em oposição à prosa curta e à poesia enquanto gêneros literários. Um dos poucos redutos em que sobrevive e, mais do que isso, impera é a ficção científica, suportado pelas importantes contribuições de contistas modernos como Isaac Asimov.

 

Você vai ler um texto de Clarice Lispector que faz parte do livro Laços de Família. Nele é narrada a perseguição, em pleno domingo de manhã, a uma galinha de almoço para a família.

 

 

 

 

 

 

Uma Galinha

Clarice Lispector

 

Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.

Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio.

Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto vôo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro vôo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa, lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar, vestiu radiante um calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta, hesitante e trêmula, escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida, a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar, sem nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador adormecido. E por mais ínfima que fosse a presa o grito de conquista havia soado.

Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre.

Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se pode ria contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma.

Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por uma asa através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos. Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou, respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração, tão pequeno num prato, solevava e abaixava as penas, enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do acontecimento, despregou-se do chão e saiu aos gritos:

— Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! ela quer o nosso bem!

Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre, nem triste, não era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer. Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai afinal decidiu-se com certa brusquidão:

— Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha vida!

— Eu também! jurou a menina com ardor. A mãe, cansada, deu de ombros.

Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: "E dizer que a obriguei a correr naquele estado!" A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto.

Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga — e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado.

Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado às fêmeas cantar, ela não cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando milho — era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos séculos.

Até que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos.

 

Texto extraído do livro “Laços de Família”, Editora Rocco — Rio de Janeiro, 1998, pág. 30. Selecionado

por Ítalo Moriconi, figura na publicação “Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século”.

 

01. No ambiente familiar descrito no texto, comer galinha aos domingos parece ser algo comum. Que fatos inesperados ocorridos naquele dia tornaram possíveis a criação de um conto sobre o assunto?

 

 

02. Relacione trechos do início, do meio e do final do texto.

 

· “Era uma galinha de domingo”.

· “(...) a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar sem nenhum auxílio de sua raça”.

· “ De pura afobação a galinha pôs um ovo.”

· “(...) não mate mais a galinha, ela pôs um ovo!”.

· “(...) a galinha passou a morar

 

Observe as palavras destacadas e responda: Em que momentos ela foi considerada a galinha? E em que momentos foi considerada uma galinha?

 

 

03. Se você pudesse escrever mais uma linha no final do conto, qual seria?

 

04. Qual a diferença entre uma falinha de domingo e outras galinhas?

 

 

05. Em várias passagens do conto os personagens atribuem à galinha reações e sentimentos humanos. Cite duas dessas passagens.

 

 

06. Copie em seu o trecho que mostra o fato de a galinha estar chocando o ovo.

 

 

07. Leia.

 

“Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre.”

 

a)  No trecho, após a palavra outro há a elipse de uma palavra. Qual é essa palavra?

 

b)  Na sua opinião, por que a autora usou elipse nesse trecho?

 

Aula 2

 

 


1. Qual foi o motivo da viagem realizada pelo pai e pelo filho?

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2. “O pequeno garoto estava acabando de responder quando seu pai ficou estupefato...”

(linha 17). A palavra sublinhada no trecho tem o mesmo sentido de

 

a) admirado.

b) calado.

c) pálido.

d) zangado.

 

3. O olhar do menino foi positivo ou negativo sobre a família visitada? Por quê?

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4. Por que o pai do menino ficou estupefato com o que o menino falou na conclusão do texto?

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Leia o texto a seguir.


 


4. No verso “Estava à toa na vida/ o meu amor me chamou/”, o eu-lírico quis dizer que estava

a) caminhando atordoado.

b) esperando alguém.

c) fazendo nada de relevante.

d) passeando com seu amor.

 

5. A situação das pessoas antes da banda passar era boa ou ruim? Justifique.

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6. Observe a capa do disco da canção “A Banda” e responda: 



Há relação entre a capa do disco e a letra da canção?

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Leia o texto a seguir.

 


Fonte: https://www.poder360.com.br/coronavirus/conheca-medidas-simples-de-prevencao-ao-covid-19/. Acesso em 21 mai 2020.








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