17 maio, 2020

LÍNGUA PORTUGUESA – 2ª SEMANA- 8º ANO - PROFESSOR LEONARDO/ PROFESSOR MARCOS/ PROFESSORA MARIANE.

LÍNGUA PORTUGUESA – 2ª SEMANA- 8º ANO - PROFESSOR LEONARDO/ PROFESSOR MARCOS/ PROFESSORA MARIANE.

A crônica é um gênero textual típico dos séculos XIX, XX e XXI, normalmente sendo encontrada em jornais ou revistas. Em muitos casos, célebres cronistas – tais quais Lima Barreto, Luiz Fernando Veríssimo ou Fernando Sabino– reúnem suas crônicas em livros. Abaixo você lerá crônicas desses três autores tão conhecidos.

Questão 1. (EF69P47) Leia o texto a seguir e responda a questão 1.

TEXTO I

O HOMEM TROCADO

(Luís Fernando Veríssimo)

O homem acordada anestesia e olha em volta. Ainda está na sala de recuperação. Há uma enfermeira do seu lado. Ele pergunta se foi tudo bem.

- Tudo perfeito – diz a enfermeira, sorrindo.

- Eu estava com medo desta operação…

- Por quê? Não havia risco nenhum.

- Comigo, sempre há risco. Minha vida tem sido uma série de enganos… E conta que os enganos começaram com seu nascimento. Houve uma troca de bebês no berçário e ele foi criado até os dez anos por um casal de orientais, que nunca entenderam o fato de terem um filho claro com olhos redondos. Descoberto o erro, ele fora viver com seus verdadeiros pais. Ou com sua verdadeira mãe, pois o pai abandonara a mulher depois que esta não soubera explicar o nascimento de um bebê chinês.

- E o meu nome? Outro engano.

- Seu nome não é Lírio?

- Era para ser Lauro. Se enganaram no cartório e…

Os enganos se sucediam. Na escola, vivia recebendo castigo pelo que não fazia. Fizera o vestibular com sucesso, mas não conseguira entrar na universidade. O computador se enganara, seu nome não apareceu na lista.

- Há anos que a minha conta do telefone vem com cifras incríveis. No mês passado tive que pagar mais de R$ 3 mil.

- O senhor não faz chamadas interurbanas?

- Eu não tenho telefone!

Conhecera sua mulher por engano. Ela o confundira com outro. Não foram felizes.

- Por quê?

- Ela me enganava.

Fora preso por engano. Várias vezes. Recebia intimações para pagar dívidas que não fazia. Até tivera uma breve, louca alegria, quando ouvira o médico dizer:

- O senhor está desenganado.

Mas também fora um engano do médico. Não era tão grave assim. Uma simples apendicite.

- Se você diz que a operação foi bem… A enfermeira parou de sorrir. 

- Apendicite? – perguntou hesitante.

- É. A operação era para tirar o apêndice.

- Não era para trocar de sexo?

Questão 1.


  1. Qual a relação do título do texto com as aventuras sofridas pelo protagonista do texto?



  1. Esse texto pertence ao gênero narrativo crônica. Cite algumas características do texto crônica que estão presentes no texto.



  1. O que faz a crônica ser considerada de humor nesse texto?




       d. Na crônica, o narrador pode ser observador ou personagem. Nessa crônica, qual é o tipo de narrador?





       e. Marque os tipos de crônica nos quais se encaixa “O homem trocado” de Luís Fernando Verissímo. 


( ) Crônica de humor   ( ) Crônica-ensaio    ( ) Crônica descritiva     ( ) Crônica narrativa



Questão 2. (EF69LP44) Leia o início de um conto de Lima Barreto de 1921 que fala do sentimento da mulher casada em 1921 e responda:

TEXTO

QUE PODIA ela dizer, após três meses de casada, sobre o casamento? 
Era bom? Era mau?
Não se animava a afirmar nem uma coisa, nem outra. Em essência, “aquilo” lhe parecia resumir-se em uma simples mudança de casa. 
A que deixara não tinha mais nem menos cômodos do que a que viera habitar; não tinha mais “largueza”; mas a nova possuía um jardinzito minúsculo e uma pia na sala de jantar. Era, no fim de contas, a diminuta diferença que existia entre ambas.
Passando da obediência dos pais, para a do marido, o que ela sentia, era o que se sente quando se muda de habitação. 
No começo, há nos que se mudam, agitação, atividade; puxa-se pela ideia, a fim de adaptar os móveis à casa nova e, por conseguinte, eles, os seus recentes habitantes também; isso, porém, dura poucos dias. No fim de um mês, os móveis já estão definitivamente “ancorados”, nos seus lugares, e os moradores se esquecem de que residem ali desde poucos dias. 
Demais, para que ela não sentisse, profunda modificação, no seu viver, advinda com o casamento, havia a quase igualdade de gênios e hábitos de seu pai e seu marido.
Tanto um como outro, eram corteses com ela; brandos no tratar, serenos, sem impropérios, e ambos, também, meticulosos, exatos e metódicos. Não houve, assim, abalo algum, na sua transplantação de um lar para outro. 
Contudo, esperava, no casamento alguma coisa de inédito até ali, na sua existência de mulher: uma exuberante e contínua satisfação de viver.
Não sentiu, porém, nada disso disso. [...]

LIMA BARRETO. O número da sepultura.

Questão 2.


  1. A partir da leitura do conto, que comportamento era esperado das mulheres em 1921? Explique com trechos do texto.


      b. De maneira geral, esse comportamento ainda é esperado das mulheres atualmente?





Questão 3. (EF89LP32) Você sabia que os textos podem conversar entre si? Sim, isso é possível, e a esse fenômeno damos o nome de intertextualidade. Todos eles resgatam referências nos chamados textos- fonte (que são os textos que foram os primeiros a serem escritos).

Para que você entenda melhor o conceito de intertextualidade, basta analisar a estrutura da palavra: inter um sufixo de origem latina e faz referência à noção de relação. Por isso, é correto afirmar que a intertextualidade refere-se às relações entre os textos. Ainda está difícil de entender? Então vamos lá ler dois textos que possuem intertextualidade .

 

Texto I

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse Amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse Amor, nada disso me aproveitaria. O Amor é paciente, é benigno; o Amor não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O Amor nunca falha. Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas o maior destes é o Amor.
(Bíblia, I Coríntios 13)


Texto II:

Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer; É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder; É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Soneto 11 de Luiz Vaz de Camões (Rimas)

Questão 3.

  1. Para você, qual é o assunto do texto I?


  1. Tendo em vista que o texto I foi tirado da Bíblia, você acha que esse texto foi escrito para que tipo de leitor?


  1. Agora que você sabe qual é o assunto do texto I, então qual seria o assunto do texto II?


  1. Em sua opinião, qual dos dois textos deve ter sido escrito primeiro do que o outro no tempo? Por quê?


       e. Nos dois textos que você acaba de ler, nós vemos algo de semelhante e diferente entre eles, são textos que se relacionam entre si. Explique tirando partes do texto quais são essas semelhanças e diferenças entre eles.



Leia a seguinte notícia de jornal e escreva uma redação, baseada na história que você irá ler abaixo. A redação deve ser uma crônica de humor. (Entre 15 e 25 linhas)

TEXTO


HOMEM NU FICA PRESO DO LADO DE FORA DE QUARTO DE HOTEL


O rapaz até que tomou cuidado, mas a sorte não ajudou. Acabou trancado do lado de fora de seu quarto de hotel – inteiramente pelado. Publicada há pouco mais de uma semana, o vídeo com imagens de circuito interno de TV já é um viral. Ao se ver trancado como veio ao mundo, o homem não-identificado e desesperado tenta inicialmente parecer casual; em seguida toma o elevador e aterroriza mãe e filho; no lobby, passa pelo constrangimento de ter que comunicar seu drama ao rapaz da recepção. O diálogo que eles travam é digno de uma crônica de Fernando Sabino:
Homem (peladão) _ "Eu me tranquei do lado de fora do quarto".

Recepcionista _ Hmmm… Você tem alguma identificação? Posso ver sua carteira de motorista?"

Homem (peladão e exasperado) _ "Mas como eu posso estar com a carteira de motorista se eu estou nu???"


A partir de agora você irá dar continuidade a essa história ou desenvolver uma história baseada na que você leu. Lembre-se que tem que ter humor.

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